Diz o ditado popular que se conselho fosse bom, não seria dado, seria vendido!

E quando se trata de crianças, a lista de conselhos, palpites e opiniões é interminável!

Está com cólica? Dá chazinho de … que resolve. O problema é pesadelo? Toma … que funciona… E por aí vai…

Muitas dessas indicações, são baseadas na experiência dos mais antigos, definidos empiricamente… Só que o que funciona para um, pode complicar a saúde de outro…

Nada contra o uso de chás, ervas e outras substâncias naturais (eu indico para meus pacientes), desde que sejam indicados por um profissional que entenda do assunto e que avalie o quadro geral da pessoa. Isso porque uma patologia pode ter diversas causas diferentes, e um chazinho aparentemente inofensivo pode gerar complicações na própria patologia ou prejudicar a harmonia do corpo.

Considerando meus estudos na área de fitoterapia (ocidental e chinesa) e a prática clínica, listo abaixo as 5 principais razões para fugir das “receitas caseiras” de chás, garrafadas, fórmulas e medicamentos naturais (sem indicação profissional).

1. A maioria dos medicamentos são desenvolvidos a partir de vegetais

Você sabia que a Aspirina vem do salgueiro?

Sim… Muitos medicamentos que utilizamos são definidos a partir do isolamento do princípio ativo oferecido por uma substância presente em um vegetal.

Acontece, que uma planta (por exemplo a artemísia) pode apresentar mais de 1.000 princípios ativos ao mesmo tempo, cuja combinação se torna ideal para o tratamento de algumas patologias e perigosa para algumas condições.

2. Um sintoma tem diferentes causas

Um sintoma não dever ser considerado isoladamente para a indicação de um tratamento. Isso quer dizer que é , ou seja, é preciso avaliar o conjunto para entender o que está causando o sintoma.

Quer um exemplo? Cólica em bebês.

A cólica pode ser causada por: deficiência alimentar (quando o leite apresenta substâncias que irritam o sistema digestivo do bebê), por imaturidade do estômago (o bebê ainda não é capaz de digerir corretamente o leite), falta de movimento intestinal (os movimentos peristálticos ainda não estão coordenados) ou ressecamento das fezes (falta de líquido).

Cada um desses casos tem uma indicação diferente e o chá de … (super indicado para cólicas) ajuda numa situação e piora as demais!

3. Alguns vegetais são tóxicos

Muitas as plantas e ervas indicadas para uso caseiro possuem algum nível de toxicidade. Isso quer dizer que ao ingeri-las (diretamente ou no chá) o organismo recebe algum tipo de substância tóxica.

O organismo da maior parte das pessoas consegue lidar bem com isso, embora ocorra uma sobrecarga no sistema para processar e eliminar a substância tóxica (e isso gera danos à longo prazo).

Em outros casos (principalmente bebês), o organismo não consegue lidar com substâncias tóxicas e acaba gerando algum outro sintoma como diarreia, alergia etc., muitas vezes não associados ao uso da substância.

Além disso, esse “envenenamento” gera um desequilíbrio que pode causar vários problemas no futuro.

4. Na pele também é perigoso

Algumas vezes, a receita indica o uso das ervas diretamente sobre a pele (extrato, emplasto, pomada, etc).

Como a pele absorve os princípios ativos e os leva diretamente para a corrente sanguínea, as reações internas podem ocorrer de forma mais rápida e ainda ocorrer alergias no local de aplicação.

5. Chá é remédio

Talvez você não sabia, mas na cultura oriental, os chás são considerados remédios. Quando doente, a pessoa visita um profissional especializado e recebe indicação de uso de uma decocção (chá) de determinadas ervas, que deve ser feito conforme a sequência apresentada, para que os princípios ativos de uma erva não prejudique os princípios ativos de outra.

É muito mais sério do que parece.

Isso não quer dizer que você não possa saborear um delicioso chá de hortelã ou de camomila. Mas usar essas ervas e outros vegetais como tratamento para uma “doença” pode ser perigoso.

Prefira uma técnica como o Tuiná (massagem terapêutica chinesa). É eficiente e segura para todos os casos!